terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lá, como cá!

A carta de Schwarzenegger

Por Luiz Leitão - luizmleitao@gmail.com

Uma carta escrita pelo governador Arnold Schwarzenegger aos membros da Assembléia do Estado da Califórnia causou furor porque, talvez, por mera coincidência, as letras de cada frase, em sete linhas consecutivas ao longo da margem esquerda, formam o acrônimo “Fuckyou”. Que quer dizer “foda-se”.

Eis o texto, que relata as queixas de um governador cansado de leis inócuas, votadas para atender interesses menores, enquanto as que realmente importam são relegadas ao esquecimento. Nada de se estranhar nessas práticas tão familiares a quem acompanha a política brasileira.

Aos membros da Assembléia do Estado da Califórnia:

Estou devolvendo, vetada, a Lei da Assembléia nº 1176.

Durante algum tempo, lamentei o fato de assuntos importantes serem negligenciados, enquanto muitas leis desnecessárias são trazidas à minha consideração.

As reformas do sistema de águas e das prisões, o tratamento de saúde, são assuntos cruciais que minha administração apresentou para votação, mas os legisladores simplesmente as ignoraram.

Mais uma vez, outro ano legislativo começa e termina sem que se aprovem as grandes reformas que os cidadãos californianos indiscutivelmente merecem.

Em vista disso, e após cuidadosa ponderação, eu acredito ser desnecessário sancionar essa lei desta vez.

Sinceramente,

Arnold Schwarzenegger

Luiz Leitão:

Soa familiar a justíssima reação do governador, sob o peso de sua impotência diante de comportamentos tão antiquados quanto atuais. A identificação com o eleitor brasileiro consciente é imediata; vive-se no Brasil uma situação que até a Kafka causaria espanto.

Um presidente defende malfeitorias, imiscui-se com desassombro nos outros Poderes, insurge-se contra órgãos fiscalizadores, defensores do bem comum contra a sanha interesseira dos que se encastelam no Estado.

Dinheiro público financia impunes atos de vandalismo, a campanha eleitoral corre escancarada sob as barbas da Justiça, o presidente do Supremo Tribunal Federal prega no deserto contra o financiamento público para invasores de terras, ao invocar a lei que manda, se obedecida fosse, suspender a concessão de verbas a verdadeiros criminosos sob o olhar complacente das autoridades, desta feita obrigadas a uma envergonhada reprovação.

Ao invés de enrijecer, abrandam-se leis eleitorais, afrouxam-se mecanismos de controle, transige-se o tempo todo com “parceiros” comerciais como os argentinos, arma-se uma enorme celeuma a respeito do uso de bases colombianas por americanos, compram-se mal-afamados aviões franceses para não ceder ao infantilismo antiamericano.

Nem a fertilíssima imaginação do autor de O processo vislumbraria tal inversão de valores, Comissões Parlamentares de Inquérito invariavelmente controladas pelos partidários dos investigados, no Rio Grande do Sul, inclusive.

Tanto para Schwarzenegger, como para os personagens de O processo e os cidadãos comuns brasileiros, a sensação de surrealismo chega a ser tangível.

Carta de Schwarzenegger

To the Members of the California State Assembly:

I am returning Assembly Bill 1176 without my signature.

For some time now I have lamented the fast that major issues are overlooked while many

Unnecessary bills come to me for consideration. Water reform, prison reform, and health

Care are major issues my Administration has brought to the table, but the Legislature just

Kicks the can down the alley

Yet another legislative year has come and gone without the major reforms Californians

Overwhelmingly deserve. In light of this, and after careful consideration, I believe it is

Unnecessary to sign this measure at this time.

Sincerely,

Arnold Schwarzenegger

Acreucho: É pelo que parece, as coisas da política são iguais em qualquer lugar do mundo. Lá nos EUA as coisas são iguaizinhas aqui no Brasil, os políticos não estão nem aí para os “reais problemas nacionais” e ficam discutindo coisas de interesses próprios e de grupelhos com o objetivo de auferir cada vez mais lucros. Eles estão “se lixando” para o povo, como aqui.

Um comentário:

  1. Acrebucho o que você faz pra melhorar a vida dos Acreanos? Nada mano!?... Então cala a boca, ou melhor os dedos...
    Eu realmente não vi você na conferência... E não venha falar que não é jornalista ou qualquer coisa assim, porque a conferência era pra qualquer cidadão, claro que quisesse tirar a bumba (como a sua) do sofá e propor melhorias... Pelo menos poderia fazer como o Altino, não ajudou em nada mais compareceu...rsrsrsr
    Acrebucho faz alguma coisa além de ficar na sombra do blog do Altino.
    Estou postando aqui, porque pelo menos diferentemente do Altino que cerceia a liberdade de expressão e impede o livre debate das diferentes visões e concepções de mundo presentes aqui na blogesfera, você não, parabéns.
    Liberdade!

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