47 anos
Hoje, o Acre comemora 47 anos de emancipação política. Pessoas muito antigas, ainda vivas, nos dizem que apesar das dificuldades tecnológicas que não existiam naquela época, o Acre era um bom lugar pra se viver. Será que o Acre continua assim, um “bom lugar pra se viver”? Será que o Acre “será” o melhor lugar pra se viver, a partir de 2010, como quer Binho?
Desenvolvimento acreano
O crescente “desenvolvimento” acreano trouxe o que para o Acre? Será que o povo do Acre é feliz, engaiolado dentro de suas casas com medo da violência urbana? Sim, porque hoje é uma aventura a gente sair, por exemplo, de casa à noite. Os loucos ao volante estão em todas as vias e esquinas, os “amigos do alheio” vigiam sua casa, pra ver quando você sai; assaltantes tomam objetos de, pasmem, juízes em plena praça principal da cidade as sete da noite, assaltantes rendem e roubam em pleno centro da cidade, bem na esquina entre a Assembléia Legislativa, O Palácio Rio Branco e o Poder Judiciário. Nos bairros periféricos, mata-se com a mesma facilidade com que se dá à luz; os traficantes estão por todas as esquinas ameaçando e cooptando nossos jovens; o descaminho e o contrabando de mercadorias e drogas é um dos negócios “mais lucrativos” do Acre. Enquanto policiais rodoviários são entretidos com um carro cheio de contrabando, caminhões passam ao largo sem serem incomodados. Tenho certeza que o “desenvolvimento” do Acre custou e ainda custará muito caro para o povo acreano.
Sede de poder
Há vinte e cinco anos atrás, quando as “autoridades” de hoje, não passavam de jovens estudantes que se reuniam às escondidas pra fumar e beber escondido dos pais, o Acre era um lugar tranqüilo, quando havia algum delito, era coisa pequena. Hoje o maior problema do acreano é a falta de trabalho, ao invés do governo “gerar emprego e renda” gera violência, conseqüência de um desenvolvimento para o qual não estamos preparados ainda, que nos é enfiado goela abaixo. Governantes megalômanos querem fazer do Acre um lugar que ele não tem condições de ser, no momento. Os desenvolvimentos que outros Estados levaram duzentos anos para atingir querem implantar no Acre, em um, dois mandatos. É a sede pelo poder e pelo dinheiro.
Novos ricos
No Acre, não temos nem pessoas realmente ricas, temos pessoas “endinheiradas”, mas, suas fortunas baseiam-se no momentâneo, naquilo que conseguem ganhar com as oportunidades. Qualquer empresário de bairro de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre é muito mais rico e estruturado do que os melhores empresários acreanos. Aqueles que se vê esbanjando de alguma forma, pode ter certeza que é empréstimo, cheque especial e limite bancário.
As obras
Tudo aqui gira em torno do dinheiro do governo, e como tem dinheiro! Esse dinheiro é muitas vezes mal empregado, em obras faraônicas e muitas vezes desnecessárias. Obras feitas sem a devida avaliação das “reais necessidades do povo acreano”, coisas que atendem as necessidades de apenas aqueles 10% “favorecidos da sorte” que vivem por aqui. Obras, diga-se de passagem, de qualidade técnica duvidosa, feitas por pessoas com nenhuma competência para executá-las, que o fazem apenas por sua proximidade com o poder. Pontes entre pontes, viadutos, agora quem morava numa rua passa a morar “debaixo da ponte”, estradas que se esfarelam como biscoito de polvilho, estádio de futebol onde não há time que justifique a construção, aeroporto onde atola o avião do Presidente da República, escolas onde o povo preferiria creches, ruas onde o povo preferiria escolas, obras inacabadas em todos os bairros de Rio Branco, obras que nem foram inauguradas e já precisam de reconstrução, pra citar apenas algumas.
BR364
Entra ano e sai ano, entra e sai governo e a famigerada Estrada para Cruzeiro do Sul não é concluída. As dificuldades técnicas são enormes, alegam os que tentam fazer a obra, é preciso mais dinheiro. Tenho certeza que não é isso. Não são as dificuldades técnicas que dificultam a execução das obras, é a “incompetência técnica” de quem as planeja e executa, avaliando inadequadamente o solo, usando materiais inadequados, de qualidade discutível e principalmente fora das “quantidades” recomendáveis e principalmente a “certeza da impunidade” pelo serviço mal prestado. O resultado disso são obras que se esfarelam e se deterioram rapidamente, aí vem o governo e coloca mais dinheiro em cima, pra “consertar” o que não deveria ser consertado. Na realidade o povo do Juruá e região estão lucrando com a “não conclusão da estrada”. Os problemas, que hoje já são inúmeros na região, com a chegada do asfalto e do dito “desenvolvimento” irão se multiplicar, triplicar, quadruplicar, principalmente a violência. Foi o que aconteceu com Rio Branco, foi o que aconteceu com Rondônia. Sem contar que grandes empresas que hoje transportam produtos pelo rio, não tem nenhum interesse que essas obras terminem.
Desenvolvimento!? Sustentável
A falida “florestania” e o “desenvolvimento sustentável” tem-se tornado um problema, não só para o governo, mas, também para o povo acreano. O plano de manter o homem no campo falhou. Pra manter o homem no campo só se for “pastando”, ele não consegue ganhar o seu sustento, daí vem pra cidade, engordar as favelas na periferia e aumentar ainda mais a violência. Nosso povo que vive nas florestas, ganha apenas um “dinheirinho” como gosta de dizer o ex governador Jorge Viana, enquanto quem bolou esse negócio de florestania, ganha um dinheirão. Promessas, promessas, promessas...
Política acreana
A política no Acre é algo nojento, deplorável. Salvo algumas exceções, nossos políticos tem como base ética, o fisiologismo, legislando em causa própria ou de grupelhos que os mantém no poder. Os políticos não executam o mais básico, que deveria ser o seu trabalho, de fiscalizar as ações do governo, muito pelo contrário, são “políticos coroinha”, dizem amém o tempo todo, mesmo aos projetos mais esdrúxulos.
Justiça light
A Justiça é morosa e tardia, light mesmo. Seguindo o modelo nacional, amarrada numa legislação atrasada e cheia de furos, qual peneira, por onde os meliantes, delinqüentes e criminosos do colarinho branco, fogem com facilidade todos os dias.
Democracia acreana
A política abandonou a democracia e instituiu outro sistema de governo por aqui. Uma coisa parecida com um “reinado democrático autoritário”, travestido de democracia. Já se vão 12 anos do mesmo partido no poder, poder esse mantido não com o voto democrático do povo, que está descontente, mas, com esquemas políticos, que qualquer criança de dois anos de idade entende e sabe o que é. Esqueceram-se que a democracia tem por base a “alternância no poder”, não apenas de líderes, mas de lideranças. Aqui funciona o reinado dos “bons e maus”, dos que “amam e dos que odeiam”.
Líder de trabalhadores!?
O maior líder político acreano atual esqueceu-se de que é egresso do que mais os democratas deste país execravam, que era a direita militar, a Arena, lugar onde na juventude, militou e que o sustentou até que ele abraçasse outros “ideais”, por ideais, leia-se projetos. Como pode quem nunca trabalhou, sim, porque o maior trabalho que já fez, foi exercer funções públicas, ser o maior líder acreano de um Partido de Trabalhadores? Lula é um líder trabalhista, trabalhou muito, até entrar para a política, mas, tem experiência como trabalhador. Nosso povo é muito ingênuo.
Cresceu?
O Acre cresceu? Sim, cresceu, mas, a que preço? Nossa capital está bonita? Sim, está ficando, mas, a que preço? Nossa periferia inflada de favelas cresceu, sim, e muito, resultado do êxodo rural crescente e sem controle, com a falência dos planos para manter o homem no campo. Os que ainda permanecem no campo, o fazem por não ter outra alternativa para suas vidas, não porque estejam auferindo algum lucro nisso.
Cresceu II?
O Acre cresceu? Sim, é claro, mas não é isso que se questiona é a forma como este crescimento tem sido feito. Alguém acha que se o governo não fosse do PT o Acre não teria crescido, não estaria no mesmo nível de crescimento de hoje? Quem achar isso é um desinformado. O Acre cresceu porque tudo no Brasil tem crescido. Os dez anos de administração de FHC prepararam o terreno e o governo Lula, executou e mantém os planos de crescimento, apenas isso, nada mais.
Atire a primeira pedra
Havia corrupção no passado? Havia, com certeza. Não no mesmo nível que há hoje, mas, havia. Quem denuncia não sou eu, é o MPF que encontra irregularidades em tudo que investiga e não adianta os líderes petistas irem a público tentar desculpar seus pares, porque o povo sabe muito bem dessas coisas. Se os valores mal aplicados, desviados e mal versados tivessem sido aplicados em obras para o povo acreano, estaríamos melhor ainda. O povo acreano tem um defeito muito grande, é acomodado e se deixa levar por palavras bonitas muito facilmente. Mas, isso está mudando.
Continuísmo
As novas perspectivas para o Acre? Com o novo governo do continuísmo, leia-se, vitória de Tião Viana para o governo, tudo vai ficar “como dantes no quartel de Abrantes”, ou seja, vamos continuar com obras desnecessárias, superfaturadas, maquiagem administrativa, desperdício de recursos públicos. O governo fazendo de conta que administra, os políticos fazendo de conta que fiscalizam e o povo pagando a conta. É o mesmo “trem da alegria” de “ontem, hoje e de amanhã”. Quem administra hoje, não tem moral pra reclamar de quem o antecedeu. O atoleiro é o mesmo.
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