quinta-feira, 31 de julho de 2008

Saudável à Democracia

Meu caro Tião Maia!

Eu não sabia desta veia sentimental do pessoal do Partido dos Trabalhadores. Folgo em saber que há um ser humano por detrás de cada soldado do PT.

Meu caro Tião Maia a polêmica e a discussão de assuntos pertinentes à sociedade é a excelência da Democracia, senão, para que serviriam o Senado e as Câmaras e Assembléias? Sem estes ingredientes definitivamente não há o sistema democrático.

Asseguro a todos, que conheço e sei perfeitamente das dificuldades e dos anseios e desejos das pessoas necessitadas e que precisam de equipamentos para sua locomoção e não podem comprá-los por conta própria.

Na verdade eu nem teria feito a crítica se os fatos tivessem ocorrido em outra época. O problema é que tudo está acontecendo, no lugar errado, na hora errada.

Não sou nenhum insensível, nem desumano, a Lei e a política sim, o são.

O fato que você citou dizendo sobre um homem que encontrou em Sena Madureira e que penalizou o Senador, também penaliza e sensibiliza a mim. Asseguro-lhe que mesmo meu salário não sendo nem a milésima parte do de um Senador, eu teria tirado do bolso e resolvido o problema do homem, não o teria deixado como estava e ido para Brasília, criar um programa e esperar recursos, nem prazos, nem qualquer outro fato. Você mesmo disse que não sabe se ele viveu ou morreu.

Não me coloque perante a opinião dos leitores como um bufão, um insensível, um desumano, que não quer resolver os problemas da sociedade. Preocupo-me como qualquer ser humano com os problemas sociais de nosso Estado, falo nosso porque me considero acreano de coração, por ter escolhido esta generosa terra para viver e criar minha família.

De mais a mais, neste embate, não estamos julgando nem criticando a "minha atitude", que considero, ética, como acho que qualquer cidadão de bem consideraria.

A melhor maneira de julgarmos qualquer coisa é nos colocarmos do outro lado, então vejamos...

Se de repente, um Senador ou Deputado Federal de oposição, trouxesse, em época de eleições, um caminhão de cadeiras de rodas para distribuir entre as pessoas que necessitam, se isso fosse um programa que tivesse sido criado e liberado por ele anos atrás e etc. e tal, o que diria o Senador Viana?

Acharia uma atitude correta? Iria junto ajudar na distribuição? Ficaria inerte, vendo o fato acontecer debaixo das suas barbas? Não acharia que isso poderia prejudicar a democracia e a ética das eleições próximas? Não acharia que isso poderia causar instabilidade no processo eleitoral, como democrata que é?

Vamos deixar de hipocrisia. Prenderam o bolo do Petecão... Imaginem um caminhão de cadeiras de rodas, distribuídas por adversários políticos...

A discussão é política, pura e simplesmente política. Você afirma que estou sendo injusto, o que na minha visão não acontece, porque se estou sendo "injusto" com uma minoria de 1800 pessoas, estou tentando ser "justo" para os demais "598.200 acreanos" que da mesma forma "merecem respeito" e querem "exercer a democracia". São idosos sem recursos, jovens sem emprego, pais e mães sem ter o que dar pra comer aos filhos, crianças que se prostituem, adolescentes que se drogam, doentes de todos os tipos que não conseguem atendimento, pessoas com exames marcados para fevereiro 2009, crianças à beira da desnutrição, famílias sem moradia digna, pessoas que trabalham diariamente e apenas sobrevivem, pra falar apenas algumas coisas.

Digo-lhe que não seria aético guardar os equipamentos para distribuir depois do resultado das eleições deste ano, é antiético, distribuí-los agora, tenho certeza de que mesmo entre os que receberam os equipamentos, há pessoas de bem que mesmo se beneficiando, acham isso.

Olha amigo Tião Maia, minha linha de pensamento, não irá mudar, indo com vocês ou não nas próximas entregas, o que seria "inviável, improvável e inaceitável", a sua linha de pensamento não irá mudar com os meus democráticos e éticos argumentos.

Debater idéias é uma coisa, discutir religião é outra muito diferente.

O PT e adjacências têm a política como religião e não há correligionários, mas discípulos que praticam a política como profissão de fé. É típico da doutrina partidária, ousar saber o que é melhor para as outras pessoas ao invés perguntar a elas.

Sinto-me constrangido, discutindo idéias desse tipo com um interlocutor que fala por outra pessoa, como você que fala pelo Senador, eu falo por mim mesmo, tenho minhas próprias idéias, convicções e conceitos e não posso querer impingi-los aos outros, o que não seria democrático. As coisas que você me diz, poderiam não ser as coisas que o Senador me diria.

Você defende uma posição política, eu defendo a posição do pensamento democrático do povo, aquilo que o povão, das ruas, dos bairros periféricos, das invasões e das barrancas dos rios pensa.

Não deixarei de criticar, você não deixará de defender, ficaremos neste embate até o fim do mundo e não chegaremos a bom termo. Minha intenção não era menosprezar ninguém, "nem os deficientes, nem o Senador". Minha crítica serve apenas de alerta. Também sei que a semente foi plantada em solo infértil e nenhuma autoridade irá tomar qualquer atitude.

Só espero mesmo atitude do povo, que é a maior autoridade, aquela que tira e põe.

Há uma pequena história da qual gosto muito:
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."
Martin Niemöller, 1933“

Mesmo que não surta efeito, mesmo que nada seja feito, mesmo que a ética e a democracia sejam ignoradas, continuarei protestando...

O protesto e o voto são as únicas armas dos oprimidos”.

Pelo voto ético, democrático e pela Democracia Verdadeira...

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