sábado, 21 de abril de 2012

Marconi Perillo, após denúncias, diz que vai auditar licitações de Cachoeira


Carlos Cachoeira
Carlinhos Cachoeira (foto) revela que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é dono de um avião Cessna, que custou R$ 4 milhões
Em um diálogo captado pela Polícia Federal com base nos grampos autorizados pela Justiça, o empresárioCarlinhos Cachoeira revela que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é dono de um avião Cessna, que custou R$ 4 milhões, em sociedade com dois empresários. A informação, divulgada nesta sexta-feira, complica ainda mais a vida do político tucano.

Perillo agora diz que o governo vai apresentar um relatório sobre a auditoria em 30 dias. Caso sejam constatadas irregularidades, a Delta terá 15 dias para se defender. O governador negou, também, qualquer relação entre as doações recebidas na campanha com as empresas investigadas.
– As doações feitas foram todas oficiais e legais – afirmou.
Na lista de beneficiários das empresas investigadas pela PF consta a Produtos Alimentícios Orlândia S/A, que doou R$ 13 mil para o deputado federal Ruben Otoni (PT). O parlamentar aparece em um vídeo conversando com Cachoeira sobre doações de campanha.
Essas transações envolveram outros empresários locais, vários com negócios com o governo de Goiás. Um mês depois da eleição, o tucano recebeu R$ 400 mil de Valterci de Melo, diretor do Laboratório Teuto. Com sede em Anápolis (GO), terra de Cachoeira, a indústria farmacêutica é uma das maiores empresas do Estado.
Melo abasteceu a conta da Brava Construções e Terraplanagem, ligada à organização criminosa, com R$ 55,6 mil, ao lado da Delta e da Alberto e Pantoja, outra empresa de fachada. Segundo a PF, a Delta foi responsável por 98% dos créditos da Brava, que movimentou R$ 13,2 milhões entre 2010 e 2011. Cadastrada em um endereço no Núcleo Bandeirantes, no Entorno do DF, a Brava nunca funcionou no local.
Perillo também recebeu R$ 450 mil da Belcar Veículos. A doação foi feita dez dias depois de o governador ganhar as eleições. Segundo o Portal da Transparência do governo de Goiás, a Belcar recebeu R$ 1,4 milhão em 2011. Em 2010, a concessionária de carros recebeu apenas R$ 1,1 mil.
A Belcar aparece em uma das planilhas da PF como destinatária de R$ 16,5 mil da Mapa Construtora, do irmão de Carlinhos Cachoeira, Paulo Roberto de Almeida Ramos, e irrigada com recursos da Pantoja.
Segundo a PF, a empresa de Paulo Roberto movimentou R$ 1,6 milhão em 2010 e 2011. A Mapa também transferiu dinheiro para a Kasa Motors (R$ 80 mil). A empresa doou R$ 40 mil para o candidato ao governo Vanderlan Vieira Cardoso (PR).
CPMI de Cachoeira será presidida pelo senador Vital do Rêgo
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) aceitou nesta sexta-feira o pedido para comandar a CPI Mista (Comissão Parlamentar de Inquérito) que vai investigar as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. A CPI Mista foi instalada na quinta-feira pelo Congresso Nacional.
Pelo regimento, a presidência da comissão cabe a um senador do PMDB, e a relatoria, a um deputado do PT, que são as maiores bancadas de cada Casa. Os dois cargos são os mais importantes da CPI.
O nome de Vital já havia sido anunciado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, na noite desta quinta. Vital é corregedor do Senado e relator da Lei Geral da Copa na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
— Eu não tinha como recusar. O PMDB veio a mim e pediu a minha colaboração. E aí, eu não posso me furtar a aceitar esse pedido do meu partido, disse Vital.
A CPMI contará com 16 deputados e 16 senadores e será instalada na próxima semana, provavelmente na terça-feira. São 15 membros de partidos maiores e um de legendas menores que, pelo tamanho das bancadas, não teriam vaga na comissão.
A escolha deles será feita de acordo com a proporcionalidade dos partidos nas duas Casas. Por terem as maiores bancadas, cabe ao PMDB no Senado indicar o presidente e o PT na Câmara indicar o relator, mas escolha ainda não foi concluída pelo partido.
Cachoeira e Demóstenes
O senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna, em 6 de março deste ano, para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas.
Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulopublicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

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