sexta-feira, 16 de março de 2012

Brasil um país de tolos!

O Brasil, o brasileiro e seus parceiros comerciais tem sido iludidos pela falácia de um governo que se baseia na utopia, no engodo e na mentira. Durante anos temos sido enganados de que as coisas estão às mil maravilhas em nossa nação. Mas, não estão. A economia no país é mascarada. O Credit Suisse tem dados que mostram esse engodo. Em artigo no Blog Brasil Dignidade há dados esclarecedores e estarrecedores...

A riqueza das nações
Segundo estudos do Credit Suisse, a riqueza dos cidadãos brasileiros soma US$ 5 trilhões, o que corresponde à dos norte- americanos em 1925, isto a 86 anos atrás. Estima ainda a instituição que dentro de cinco anos a riqueza dos brasileiros poderá chegar US$ 9,2 trilhões, tal qual tinham os americanos em 1948. Ledo engano traçar qualquer analogia de que em cinco anos os brasileiros acumularão riqueza igual a que os americanos acumularam em 23 anos. Antes de tudo há de suprir tal raciocínio pela paridade da moeda, - quanto o dólar “comprava” naquela época e quanto compra hoje em termos de uma mesma cesta básica de produtos (Paridade do Poder de Compra ou Purchasing Power Parity ao longo do tempo). Em instância bem mais simples ao raciocínio, nesses 23 anos em questão a economia americana passou por um crítico período de seis/sete anos - a crise de 1929 – que foi a pior recessão econômica que houve na história, e que indubitavelmente atingiu muito mais a eles do que ao Brasil que sequer era industrializado. Enfrentaram ainda a 2ª Grande Mundial, lutando em duas frentes – na Europa e no Pacífico. Mais sábio seria afirmar que a riqueza dos brasileiros corresponde hoje a menos de 5% da que os norte americanos possuem, que é de US$ 58 trilhões; e a expectativa é de que esse valor chegue a US$ 82 trilhões daqui a cinco anos. Assim, em 2016, a fortuna do país Olímpico, segundo estimativas do crescimento acumulado de ambas as nações estará em 11,2% da equivalente à americana.

Mas o que isso quer dizer de tão grandioso? Certamente para as instituições financeiras isso tem relevância, pois atuam sobre a massa expressa pela moeda circulante ou depositada sob a forma de patrimônio, poupança e renda.

A renda no Brasil, expressa pelo incremento do PIB cresce, mas 62 % dela está concentrada nas mãos dos 20% mais ricos cidadãos do país (cerca de 35 milhões de brasileiros). No USA e Europa não chega a ser metade dessa proporção. Disse Adam Smith que:- “a riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo, e não de seus príncipes”; mal sabia ele que viria muito tempo depois o Credit Suisse para dizer muito e não explicar nada em termos da verdade que ele propalava duzentos e cinquenta anos atrás.
A riqueza medida conscientemente se faz pela:- (1º) renda per capita; (2º) pela distribuição de renda, (índice Gini/curva Lorenz), (3º) e do IDH (índice de desenvolvimento humano). A renda per capita versa pela divisão do PIB com o número de habitantes estimado num país ao fim de determinado exercício temporal. Sua efetiva comparação a outras economias depende em justapô-lo à paridade internacional do dólar, porém em critério que se contemple a valorização real dessa moeda (Purchasing Power Parity -PPP). Senão vejamos – o dólar de 1980 não vale tanto quanto o dólar de 1990 mesmo nos Estados Unidos; portanto, esse critério convencionado por entidades de estudos macroeconômicos internacionais é pouco aludido no Brasil, mas serve para exata comparação de indicadores macroeconômicos entre países ou numa mesma economia ao longo do tempo mantendo-se a paridade por uma moeda a valor constante em termos globais (US$).

Porém a renda per capita é apenas uma média genérica, e a enriquecer a fundamentação agrega-se à análise o coeficiente Gini que mede a dispersão ou desigualdade da renda de uma nação. Versa por um número que varia entre zero e um, onde zero corresponde à completa igualdade de renda, e um; ou em se aproximando deste, indica a desigualdade; quão mais próximo de “um” mais desigual é a distribuição. Em muitos casos é expresso em percentual, alterando a relação de zero a 100%. Completando a análise há de se considerar o IDH.

Todos os anos, a ONU (Organização das Nações Unidas), publica o Relatório do Desenvolvimento Humano, nele consta o índice de desenvolvimento humano (IDH), que consiste em uma análise ponderada além-riqueza do PIB ou renda. Trata-se de uma visão mais ampla e voltada ao estado de bem-estar de uma nação. O IDH apresenta uma medida composta de três visões próprias no desenvolvimento socioeconômico: (a) expectativa de vida e saúde; (b) educação através da alfabetização e nível de escolarização da população (c) o padrão de vida em capacidade atuante da renda medido através do efetivo poder de compra da população (PPP), na qual a renda é medida diante da cesta básica de produtos dignos a sobrevivência de uma família. Fornece assim um indicador do progresso e bem estar humano e da complexa relação entre renda e bem-estar de uma nação, assim como traça em sua evolução um paralelo do desenvolvimento de ambas. Exatamente por isso é que se há de considerar as performances ao longo do tempo. Entre 1980 e 2010 o IDH do Brasil subiu 0,87% anualmente, menos que a média mundial em razão da chamada década perdida (anos 80); além do país de ter sido um mero coadjuvante no cenário econômico internacional no período 2002 a 2007 que foi o quinquênio de maior crescimento econômico global após os anos que sucederam a 2ª Guerra mundial, fruto da adoção de uma política externa própria de republiqueta de terceiro mundo, além de nenhuma política industrial e desenvolvimentista. Resultado derradeiro, recentemente, de 2000 a 2011, o crescimento médio anual do IDH ficou em 0,69% ao ano, menos que a média mundial O quinquênio supracitado foi de vital importância à alteração socioeconômica das nações em desenvolvimento ora atuantes no cenário global; portanto quadro este reportado ao quadro do IDH. Frisam-se grandes diferenças na última década: - a Índia teve taxas médias de crescimento anuais do seu IDH entre 1,38% e 1,56%, e a China, de entre 1,43% e 1,73% ao ano, notáveis avanços em termos de prosperidade foram legados em paralelo ao crescimento econômico nestas nações aqui apenas citadas como exemplo. Esta relação é o que reclama respostas, e que devem ser expressos por efetivos resultados ou contrapartidas mensuráveis e não discursivas com soluções tempestivas e provisórias para problemas da miséria sem efetiva erradicação da mesma.

De acordo com o ranking anual de IDH em 2011, o Brasil, obteve 0,718; ou seja, abaixo da média da América Latina, que foi de 0,731. A média brasileira, no entanto, ainda é superior à mundial, que alcançou 0,682, evidentemente rebaixada pelos países extremamente pobres. O Chile é o país latino-americano em melhor colocação no quadro mundial - 44º lugar com índice 0,805 seguido pela Argentina 45º, com índice 0,797. Na América Latina, o Brasil é o 14º colocado, e em 2010 era o 8º e no mundo o 84º, entre o Equador e São Vicente e Granadinas. O IDH mais alto é da Noruega- 0,943 (1º), e o mais baixo (187º) do Congo -0,286.

A análise sobre o IDH é bem mais extensa e propensa a demostrar o contrário do discurso político; pois há uma altíssima concentração e empobrecimento de classes que não haviam no passado e hoje é pouco revelada; exemplo:- os idosos, pela precarização do Orçamento da Seguridade Social (Previdência e Saúde Pública), na verdade o governo não tem política para o enfrentamento do aumento da expectativa de vida, ao contrário, tem deteriorado a fonte básica de sustento pecuniário dos cidadãos com mais de 60 anos. Nos últimos 15 anos essa categoria da população cresceu 16% e é a mais afetada pela saga de retirada de recursos do OSS que sob as vestes de reforma previdenciária (que sequer alterou pensões por morte); ou por subtração de renda por mecanismos justificados como necessários à mobilidade fiscal do Executivo, - rotulado de Desvinculação de Receitas da União (DRU), como se receita previdenciária fosse receita da união - e não fundo dos segurados pós-vida laboral recolhidos por especificidade arrecadatória sobre os rendimento do trabalho tanto pelo empregado como pelo empregador.
     
No Brasil a concentração de renda é tão intensa que o índice P90/P10 (o quanto que os 10% mais ricos recebem em relação aos 10% mais pobres) é de quase 40; ou seja, para cada unidade monetária que os 10% mais pobres recebem, os 10% mais ricos recebem 39,7. Não é por outra razão que o Brasil ocupa a 74ª posição, ponderada no IDH – “desigualdade na distribuição de renda”, num contexto de 133 países, ficando apenas a frente de países como a Guatemala, Sudão, Arábia Saudita, Suazilândia, República Centro-Africana, Congo, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia etc.. O índice GINI no Brasil é de 0,526. No Brasil, 10% da população mais rica concentra 44,5% da renda nacional e os 10% mais pobres apenas 1,1%. O censo de 2010,revela que metade da população brasileira recebia naquele ano R$ 375,00/mês, o que corresponde a metade do salário mínimo oficial que era de R$ 510,00. Esta metade mais pobre ficou com apenas 17,7% da renda total. O coeficiente Gini mede a desigualdade ou dispersão (entre os mais ricos e mais pobres).

Ainda no contexto do IDH, e contrário ao discurso de grandes resultados e mostrando a incipiência da última década, em Educação, ora vivemos um apagão da pouca vergonha e da incompetência da gestão pública, estamos em 93º na avaliação do PNUD a frente de Belize e Gabão, e num contexto de 183 países. Tanto alarde do sucesso do governo, mas poucos atentam para à evolução do apagão educacional onde ainda temos 3,1% da população que abandona a escola antes dos 14 anos de idade e outros 16,7% antes de completar 18 anos; total certo de “fabricação” de analfabetismo absoluto e/ou funcional de 20% em futuro próximo onde educação será fator imprescindível a mão de obra. Exemplificando, a China e a Índia possuem, isoladamente, mais que o dobro da população brasileira, formadas em cursos superiores e/ou cursos técnicos de alto nível. Temos atualmente 9,7% da população considerada analfabeta absoluta. O Brasil reduziu 4% do analfabetismo na última década, durante o governo Lula (oito anos e com Bolsa Família) apenas 2,4%.  Argentina, Chile e Uruguai também reduziram aproximadamente 4% na mesma década, porém eles possuem menos de 2% de analfabetos absolutos, e praticamente todos em idade superior a 60 anos de idade.
                     
A saúde pública pelo PNUD, decantada como “próxima da perfeição, e exemplo a ser seguido por Obama nos Estados Unidos”, como discursava Lula esta em 81º lugar numa lista de 173 países, onde aplicamos 3,5% do PIB, sendo que os 50 países que mais aplicam, o fazem acima de 5% de seus respectivos PIB’s; ou seja, numa relação de mais de 43% do que o governo brasileiro aplica. Gabam-se as autoridades e estrelas do populismo, além das figuras do já anedotário nacional que saem em defesa deste ou daquele ex-presidente de que somos a 7ª economia do mundo. - E o que isso representa fora do vazio discurso político? Enche estômagos, educa os jovens, salva vidas?

Em termos de renda PPP (base 2005), usada nos estudos da ONU, a nossa é a 74ª do planeta entre 188 países, própria de países considerados com desenvolvimento socioeconômico “médio”; ou subdesenvolvidos. Estamos entre o Irã e Belize. Provavelmente muitos pensam que com o advento da Copa do Mundo e das Olímpiadas, recebamos um legado que cubra a perda de uma ou duas décadas, e a se lamentar no futuro pelos governos descomprometidos com a competência em altos e médios cargos; além de políticas e comparações que olham para o umbigo, tão apenas para o Brasil de suas bolsas, sem comparação com outras nações e assim se assustam quando se deparam com comparações com o PNUD. Estamos correndo sozinhos e fadados a chegar em segundo lugar.

No Brasil as classes dirigentes, especialmente a política, não demostram sensibilidade à questão e se atem a parcos sucessos de programas notadamente politiqueiros sem contrapartida social à altura da necessidade que seja a auto-sustentabilidade socioeconômica do atendido, e não o assistencialismo - como o Bolsa Família que em oito anos de aplicação, R$ 87 bilhões gastos, e propagandeado ao extremo, reduziu apenas pouco mais de dois pontos percentuais no analfabetismo e sequer causou significativa mutação na taxa de escolarização dos cidadãos entre 15 e 18 anos. Assim vivemos o “apagão educacional” que alimenta o “apagão de produtividade” – a chave do sucesso no mundo globalizado. A classe gestora, e incompetente, que se apoderou dos cargos de confiança, não tem capacidade a ver e os graves prejuízos que a excessiva desigualdade na distribuição da renda nacional causa ao próprio desenvolvimento econômico do país, em longo prazo. Temos o RGPS que é o maior sistema distribuidor de renda do mundo que está sendo desvirtuado pela prática da banalíssima política neoliberal impondo a DRU, por exemplo. Penalizam os aposentados com reajustes aquém do concedido ao piso previdenciário, mas concede-se a excrecência de renúncias tributárias nomeadas de “previdenciárias” a débito de um fundo cujos recursos pertencem especificamente aos contribuintes do RGPS e não ao Tesouro. Distribuem assim seletivamente a renda; pois nunca ouviram falar no virtuoso “mercado da terceira idade” (aqui existem 8,4 milhões de prejudicados).

Alguns tentam colocar a questão em termos ideológicos ou partidários, mas a situação não se resume a essa politicalha, mas sim pela falta de competência e excesso de mediocridade dos gestores do Brasil há mais de uma década. Vivemos sob o mesmo céu e no mesmo país, mas poucos têm em visão o mesmo horizonte.

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