UPA – Lá no Sul (RS) este termo é usado quando a gente dá um abraço em alguém. Em geral quando se pede um abraço a uma criança se diz: “dá um upa!”
Quinta-feira:
Chego na UPA do 2º Distrito, aquela lá no “cafundó do Judas”, em cima do aqüífero da cidade, lá pelas nove e meia da noite. Meu cunhado tinha levado uma picada de um inseto que ele nem conseguiu identificar.
Depois de fazer a papelada, com o rapaz gemendo e com a cara inchada, os lábios maiores que os da Karina Bacchi, esperamos por algum tempo pra ser atendidos, ele entrou no “consultório verde”. Não entrei junto, pois, ele já é bem grandinho, do que me arrependi depois.
Segundo ele, o médico ouviu o que ele disse, não o examinou e receitou um anti-instamínico e paracetamol e nos despachou. Nem sequer receitou algum medicamento pra ele continuar tomando em casa. Claro que ele nem sequer melhorou, quanto mais se curar.
Sexta-feira:
Chego do trabalho, mal tinha tomado banho, telefone toca: - Um amigo foi levar “fulano” na UPA novamente, tava ardendo em febre e com dores horríveis, diz a cunhada.
Desloco para o “cafundó do Judas” novamente, encontro meu cunhado envolto num cobertor, tremendo e com a cara inchada novamente. Perguntei o que tinha sido feito, ao que ele respondeu: “Tiraram sangue pra fazer uns exames”. Disse que a “sumidade médica de plantão” achava que era “dengue”. Bem, achar que era dengue até poderia achar, há uma epidemia que grassa pela cidade.
Acomodei o rapaz dentro do meu carro, pra ele ficar mais confortável. Enquanto esperávamos, assisti a diversas lutas pela SKY, numa belíssima TV de 42 polegadas não sei se “de led” ou “plasma”, instalada no saguão da UPA. O ar condicionado gelava as pernas da gente! Pelo jeito nestas tais UPA`s preocupam-se mais com tecnologia do que com atendimento do doente.
Argui um enfermeiro a respeito do tempo de espera dos exames e ele me disse que iriam demorar “pelo menos” três horas, que eu poderia ir pra casa e voltar depois, como se a UPA do 2º distrito fosse “ali na esquina”.
Esperamos por sofridas três horas pelo resultado do exame, quando ele finalmente chegou, ainda tivemos que esperar cerca de uma hora, para que o “médico de plantão” aparecesse.
Enquanto a gente esperava, perguntei a uma enfermeira que conversava conosco, porque ela não chamava o médico, ao que ela respondeu: - “Ainda há pouco, quase me bateu porque fui chamá-lo, vamos esperar ele aparecer”.
Enquanto esperávamos, chegou uma criança com problemas, acho que estava desmaiada, foi prontamente atendida pelo pediatra de plantão, aquele mesmo que apanhou do sobrinho de Jorge Viana outro dia. Depois chegou um rapaz com dor de dente, a assistente estava dormindo no consultório dentário e o dentista demorou um bom tempo pra aparecer.
O “médico de plantão” finalmente apareceu, cantarolando pelo corredor que levava aos fundos da UPA. Novamente o rapaz entrou no consultório, desta vez no “amarelo”. Se frescura desse algum resultado! Segundo me disse ele, o médico não levantou os olhos do papel, nem o examinou apenas receitou a seguinte medicação:
Paracetamol : Paracetamol ou acetaminofeno é um fármaco com propriedades analgésicas, mas sem propriedades antiinflamatórias clinicamente significativas. Atua por inibição da síntese das prostaglandinas, mediadores celulares responsáveis pelo aparecimento da dor. Esta substância tem também efeitos antipiréticos.
Ibuprofeno: O 'ibuprofeno' é um fármaco do grupo dos anti-inflamatórios não esteróides (AINE) sendo também analgésico e antipirético, utilizado frequentemente para o alívio sintomático da dor de cabeça (cefaleia), dor dentária, dor muscular (mialgia), moléstias da menstruação (dismenorreia), febre e dor pós-cirúrgica. Também é usado para tratar quadros inflamatórios,Hemorroidas, como os que apresentam-se em artrites, artrite reumatóide (AR) e artrite gotosa.
Comprei apenas o Ibuprofeno, pois, o Paracetamol era desnecessário, já que o Ibuprofeno também é analgésico e dos bons. Fomos para casa, quase três horas da manhã. Ora, pra quem está com uma picada de um inseto desconhecido, com a cara amarrotada e dores, a medicação passada pela “sumidade de plantão” era o mesmo que um copo dágua, claro que o rapaz não melhorou.
Sábado: Mal tinha entrado no banho quando o telefone toca: - Cunhado me socorre, estou mal mesmo. Desta vez levamos ele ao “velho Pronto Socorro”, embora a gente tivesse dúvidas se seria atendido. Mas, fomos.
Chagando lá, fomos prontamente atendidos por uma senhora muito prestativa, que me indicou falar com o enfermeiro chefe na emergência. Entrei e falei com o João, que mandou trazer o rapaz imediatamente.
Em seguida veio uma médica para a qual expliquei a situação, ela examinou o rapaz e disse prontamente: - “Ele vai ficar por aqui, pra tomar medicação e ser observado”. Respirei aliviado, pois, sabia que agora as coisas iriam se resolver.
Coisas interessantes se ouvem e conversam pelos corredores e atendimentos do Serviço de Saúde por aqui.
Enquanto esperava, ouvi de duas enfermeiras que, quando da instalação das UPA´s, haviam dito “não queremos esse pessoal mais antigo nas UPA´s, só gente nova”, quinze dias depois, os “velhos” foram chamados pra organizar a coisa.
Dois médicos conversavam no corredor e ouvi um indignado dizer: -“Ele não pode passar por cima da minha prescrição, se eu pedi o exame é porque achei necessário”. Apurei o ouvido e fiquei sabendo que outro médico tinha cancelado um exame solicitado.
Numa conversa entre dois enfermeiros ouvi o seguinte: - Essas UPA´s são uma porcaria!
Vi uma jovem senhora que “mal conseguia parar em pé”, perguntei ao marido dela o que ela tinha: -“Ela estava no trabalho e começou a sentir um formigamento no braço e no rosto, aí eu trouxe aqui”. Deram uma injeção no bumbum dela e mandaram pra casa, com a recomendação de que fossem rápido, pois, ela ia pegar no sono logo. Deram um Diasepan pra quem estava possivelmente tendo alguma coisa bastante grave e mandaram embora.
Mas, voltando ao meu cunhado, ele passou a noite por lá, tomou mais medicamentos e vai bem obrigado, trouxe uma receita com a prescrição de medicamentos e já está muito melhor.
As UPA´s podem até ser uma boa opção em saúde! Ninguém pode negar, só que já nasceram com o velho ranço do atendimento de saúde acreano, que é o descaso. A falta de presteza no atendimento, médicos mal humorados, com sono, trabalhando contrariados, a super lotação hospitalar, a falta de conhecimento médico, porque “nem eu” receitaria Ibuprovil e Paracetamol pra quem estivesse com uma picada de inseto, os dois são praticamente a mesma coisa e não específicos para alergias.
Muitos médicos já ficaram ricos aqui no Acre. Quem trabalha no serviço público de saúde pensa que o único objetivo de ser médico é “ficar rico” e não é.
Um médico “tem um compromisso com a vida” não com a dele, mas, com a dos outros. Enquanto não aprender isso, será um péssimo médico.
Muito boa, os médicos estao nao hora de se conscientizar se querem ficar ricos em primeiro lugar, estao nao profissao errada
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