Li atentamente a entrevista no Blog da Amazônia feita pelo Jornalista Altino Machado com a Senadora e, possível candidata a Presidência da República Marina Silva. Pincei algumas coisas que ela disse e faço meus comentários, dentro da minha visão realista do que seja a política na atualidade.
Marina: Ouvi o PV no contexto daquilo que os seus dirigentes e militantes estão falando, que consiste em organizar, em outubro, um processo de refundação programática do partido, onde sairia da lógica do processo de fundação, que veio da Europa, de partido verde tradicional, para a idéia de um partido que colocaria no centro de suas questões estratégicas o desenvolvimento sustentável.
Acreucho: Bem, Senadora o “centro” de qualquer coisa em política no Brasil é “dinheiro e poder”, qualquer outra coisa é utopia e ingenuidade. Desenvolvimento sustentável para essa turma que está no poder só é uma coisa boa “se render alguma coisa”, em dinheiro. Foi por isso que você foi retirada do Ministério.
Marina: Se existe alguém que não começou tendo a eleição como um fim em si mesma somos nós numa trajetória de 30 anos no PT. Tivemos que perder muitas vezes para que se pudesse ganhar.
Acreucho: Não ficou bem definido se “nós” significa Marina ou o PT. Se “nós” quer dizer Marina Silva, acredito que a “eleição não seja um fim em si mesma”; Se “nós” significar o Partido dos Trabalhadores, infelizmente a senadora está enganada, tudo dentro deste partido gira em torno de “alcançar o poder a qualquer custo”, que é dado a homens e mulheres através do voto, nas eleições.
Marina: Tenho uma trajetória de 30 anos de PT. Tenho minha vida ligada a esse sonho, a esse projeto, me sinto parte de todas as conquistas e de todos os problemas.
Acreucho: Pois, não se sinta parte dos problemas que o PT tem atualmente, você, que é uma pessoa decente, não os criou, pelo menos é o que acreditamos, tem apenas uma parcela de culpa por “ficar calada”. Infelizmente “o sonho acabou”, o Partido dos Trabalhadores deixou de ser o partido dos que sonham para ser o partido dos que “têm pesadelos”; o pesadelo do desemprego, da miséria, da precariedade da saúde, da segurança, da educação, são apenas alguns dos pesadelos que o povo brasileiro enfrenta todos os dias. Quanto ao “projeto” o que restou dele é somente “perpetuar-se no poder custe o que custar”.
Marina: No Acre, você sabe muito bem, não existe hierarquia.
Acreucho: Acho que vou concordar com Marina Silva de que não existe hierarquia. O que existe no Acre é um feudo. Pode ser que Marina Silva tenha privilégios de não ter que obedecer, mas, com a “cumpanheirada”, os “aliados” é debaixo da chibata dos Viana.
Marina: A decisão que tenho é de que a questão ambiental precisa ser colocada como algo estratégico na agenda nacional.
Acreucho: Vou ser repetitivo: Desenvolvimento sustentável e questão ambiental nunca foram e nunca será “algo estratégico” nem “primordial” na agenda de qualquer governante, nem da própria direção do PV, cujo objetivo é exclusivamente “alcançar o poder” e, eles estão querendo dar um passo enorme, sair do nada para a presidência.
Marina: Eu acho que isso precisa ser feito dentro de todos os partidos. Não dá para fazer essa mudança achando que um partido sozinho vá homogeneizar. No meu entendimento, é um movimento para que todos se comprometam com essa agenda, pois ela não está colocada com a dimensão necessária por nenhum partido.
Acreucho: Dentro dos partidos, o único interesse pelo “verde” são as notas de dólar, as plantações de cana, milho, trigo, soja e o pasto verdejante para alimentar nosso imenso rebanho.
Marina: O presidente Lula me chamou e eu me senti honrada de fazer parte do ministério dele. Contribui enquanto achei que tinha o necessário apoio para isso. Respeitosamente, saí do governo quando compreendi que não reunia mais essas condições.
Acreucho: Acho que Lula não vai fazer nenhum “pedido pessoal” para Marina ficar no PT e não concorrer. Ele sabe que “pisou na bola” com ela, retirando-a do Ministério do Meio Ambiente e sabe também que ela “não aceitará” qualquer coisa que ele oferecer. Ele sabe que falando com Marina Silva não está falando com um dos “picaretas”, como ele chamou os parlamentares, com os quais ele costuma negociar.
Marina: Pelo tamanho do desafio e pela magnitude da decisão. Nós temos que buscar fazer essa inflexão nos modelos de desenvolvimento, nas economias dos diferentes países, fazendo com que governos e partidos, acadêmicos, formadores de opinião, se comprometam com essa agenda e coloque-a no centro do debate. Mas não como algo em oposição ao desenvolvimento, mas como parte integrante da mesma equação. Esse é o desafio.
Acreucho: Num mundo puramente capitalista como o atual, infelizmente, não há lugar no centro de nada para o desenvolvimento sustentável nem para o ambientalismo. Ambientalistas são consideradas pessoas “caretas”. Nossos governantes vão explorar este mundo até não poder mais e têm a crença de que ele sempre se refará das agressões, só que o que a natureza faz é “revidar”, prova disso são as catástrofes, cada vez mais violentas e frequentes.
Marina: Não vou me iludir com isso, pois é claramente um superestimação de minha possível candidatura. Não vou me iludir achando que alguém que lida com temas considerados secundários ou de minorias possa colocar em risco uma candidatura que tem todo o peso e respaldo que tem a candidatura da ministra Dilma. Eu estaria sendo pretensiosa se embarcasse nessa avaliação.
Acreucho: Marina Silva é assim mesmo. Humilde, sem pretensões, romântica e docemente ingênua. Ela é mais conhecida não só no Brasil, mas, no mundo inteiro, do que Dilma Rousseff e não tem orgulho disso. Todos os demagogos mundiais e pseudo-ambientalistas irão apoiar sua candidatura como forma de se promoverem como “salvadores do mundo”. Foi o que fizeram com Obama. Queria duas coisas de Marina Silva, porém, são elas antagônicas. Queria que ela não concorresse à presidência e continuasse assim do jeitinho que ela é. Queria que ela aceitasse só pra ver o pessoal do PT correr feito louco e morrer de raiva, com ela jogando pra escanteio essa Dilma Rousseff. Um é o contraditório do outro. A única coisa que Marina não pode fazer, sob pena de depois ter que chorar de arrependimento, é aceitar ser presidente “com o apoio do PT”. Tudo neste partido envolve escândalo, falcatrua e fisiologismo.
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