terça-feira, 3 de março de 2009

Contra ponto

O jornalista Tião Maia, colocou um texto no AC24horas, a respeito da reportagem da Rede Globo sobre o IDH de algumas cidades acreanas, como discordo das "opiniões" dele, faço um contra ponto: 

Texto do Tião Maia: A reportagem do “Fantástico”, do último domingo, situando os municípios de Jordão e Tarauacá, no interior do Acre, a Manari, em Pernambuco, e Traipu, em Alagoas, como os piores lugares do país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um engenhoca criada pelos tecnocratas da ONU (Organização das Nações Unidas) para aferir a qualidade de vida ao redor do mundo, embora bem feita do ponto de vista plástico, carece de exatidão – pelo menos no que diz respeito à Amazônia.

Opinião do Blog do Acreucho: Além de cômico é trágico, que o “opinista” Tião Maia ache ser “impreciso” e “engenhoca tecnocrata”,  algo como o índice do IDH, criado por duas celebridades como Mahbub ul Haq e Amartya Sen. Não tinha conhecimento de que o nobre “opinista” fosse também sociólogo.

Texto do Tião Maia: Membros dos partidos e dos grupos de oposição ao Governo do Estado, terão, a partir de hoje, um palanque e uma bandeira para tentarem chamar a atenção do eleitor que vem, a cada eleição, lhes minguando os votos exatamente por entenderem que estes senhores não estão à altura do debate que o Acre precisa. Mas, antes que eles usem literalmente a miséria alheia para o costumeiro proselitismo, quero chamar a atenção para alguns pontos. Vamos lá.

Opinião do Blog do Acreucho: Acho que o “articulista” Tião Maia, deveria consultar os resultados da última eleição. Quando, para seu conhecimento, o seu partido e de seus patrões, quase levou uma surra da oposição,  tendo a eleição para a Prefeitura de Rio Branco sido decidida por apenas uns 800 votos, votos esses que a oposição não conseguiu em vista de um terrível temporal que se abateu sobre a cidade. Mesmo com toda a estrutura eleitoreira do PT, mesmo com todo o dinheiro, com tudo que rolou, a diferença de votos ainda foi “muito pequena”. Tião, acorda, não são os votos da oposição que estão minguando!

Texto do Tião Maia: Aliás, para quê creches se esses meninos tem o maior e mais belo parque de diversão do mundo? Sim, são meninos que, como eu, nascido em seringal, apesar dos riscos da vida na floresta, tem à sua disposição um imenso quintal, um autêntico jardim de Deus, a Amazônia. Com o mundo a seus pés, internar um menino daquela região numa creche seria, isso sim, condená-lo à morte.

Opinião do Blog do Acreucho: A opinião do “opinista” Tião Maia é de que não é necessário evoluir. Devemos, pelo menos as outras pessoas, com exceção dele, ficar estagnados, parados no tempo, correndo e brincando pelas barrancas dos rios, comendo frutos da floresta, raízes, fazendo cocô na mata, usando ao invés de papel higiênico, uma folha de árvore. Isso sim é que é felicidade! Porque o menino Tião Maia não ficou lá no seringal? Porque veio para a cidade estudou, formou-se e agregou-se a alienados como ele que levam a vida numa boa às custas do dinheiro público? Creche pra que? Imagine! Vamos deixar nossas crianças vagabundeando pelas ruas e tomando banho de rio, o dia inteiro com a mente vazia e “mente vazia é oficina de satanás”, já dizia minha saudosa mãe. Fato provado pelo próprio PT, passam o dia vagueando, passeando de camionete por aí, enquanto isso a segurança pública é uma porcaria, a saúde pública está abaixo da crítica, o ensino nas escolas é um absurdo e a geração de emprego não existe, só existe para os apadrinhados. Para que creches? As mães, as solteiras principalmente, não precisam trabalhar, são “sustentadas”, pelo “bolsa miséria”.

Texto do Tião Maia: O que tais reportagens não levam em consideração é que tanto em Jordão como em Marechal Taumaturgo e outros municípios isolados do Acre, a faculdade pública está presente, oferecendo cursos de graduação em diversas áreas – o Acre é o único estado do Brasil a oferecer cursos superiores a seus cidadãos na totalidade de seus municípios.

Opinião do Blog do Acreucho: Negar que uma faculdade seja uma coisa boa, seria burrice, mas este fato não tem nada a ver com a reportagem e fica a pergunta: Quem se formar em Jordão, seja no que for, vai trabalhar onde? Aqui em Rio Branco, há pessoas formadas em “administração de empresas” trabalhando como servente, auxiliar de escritório, diarista... No Acre, o cidadão se formar não significa que poderá trabalhar a não ser na área médica ou de enfermagem, pois, nosso povo é muito doente e carecemos dessa mão de obra. Qualquer outra formação, a pessoa tem que sair do Acre para ter uma chance ou ser um apadrinhado do PT pra arrumar um encosto no Governo, que também não é um “emprego” é apenas uma “boquinha”.

Texto do Tião Maia: Quanto ao fato das crianças de Jordão não conhecerem um chuchu ou que o quilo de tomate chegue a custar até R$ 7,00, o que precisa ser analisado é que, neste município, assim como em Marechal Taumaturgo ou em Santa Rosa, e outros municípios acrianos, boa parte da população é composta por indígenas das mais diversas etnias e não há, até que me provem em contrário, qualquer indicador que aponte o plantio de hortaliça como um traço da cultura desses povos.

Opinião do Blog do Acreucho: Bem, o preço das hortaliças e outros bens nestas regiões nada tem a ver com o povo ser de descendência indígena. O fato ocorre, porque faz dez anos que o PT está no governo e ainda não conseguiu construir uma estrada de 600 quilometros, embora dinheiro para isso, não falte.

Texto do Tião Maia: Mas voltemos à questão da infância em Jordão, conforme mostrou a reportagem. A avaliação de que a vida naquele município será abreviada porque a criança vai crescer sem tomar banho de chuveiro, é coisa de quem, de fato, não conhece a alegria e a felicidade de um menino ou menina ao tomar banho de rio, principalmente exercitando o nado e os mergulhos de “facada”. E se essas crianças pertencerem a povos indígenas, como o é a grande maioria da população daquele município, é como, para nós, os brancos, a união do côncavo ao convexo, algo tão natural como carnaval e batucada, queijo e goiabada, feijoada e rede...

Opinião do Blog do Acreucho: Acho que quem deve decidir se quer conhecer ou não um chuveiro é a pessoa. Não querer conhecer é diferente de “ser privado de conhecer”, por não ter condições ou por não saber o que seja água tratada. “Carnaval e batucada, queijo e goiabada, feijoada e rede...” “para nós os brancos...” Que tipo de discriminação é essa?

Caro Tião, o que está errado não são os índices ou suas aplicações, os índices foram estudados e criados para serem aplicados a qualquer situação social ou econômica, temos que medir a qualidade de vida das pessoas como “um todo” e não especificamente, “por partes”.

Texto do Tião Maia: Puxar o debate para que os organismos internacionais e até as agências de desenvolvimento do nosso país, que seguem esses critérios, mudem seus conceitos, é o que deveriam fazer os membros da classe política do Acre, independente de partidos ou da posição no tablado do poder. O Governo, por seu turno, deveria utilizar seus técnicos, para mostrar que o Acre, se não é ainda o lugar ideal para se viver, está, felizmente, muito longe da situação de desgraça que humilham e envergonham a todos nós, como brasileiros.

Opinião do Blog do Acreucho: Mudar os critérios e conceitos usados internacionalmente não resolverá os problemas. A classe política, salvo “raras” exceções não está interessada em “diminuir desigualdades”, principalmente as sociais, que são o combustível usado por ela, a classe política,  para se manter no poder. O Governo do Acre não tem que usar seus técnicos para mostrar que o Acre não é assim. O Governo tem que usar seus técnicos para trabalharem no sentido de “resolver e minimizar” os problemas sociais ao máximo, para que não virem notícia a nível nacional. Não há vergonha em ser pobre! A vergonha está em ser relaxado!

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