domingo, 30 de agosto de 2009

A pressa do pré-sal é eleitoral

Cantando a bola
Site do Chico Bruno

"Devagar se vai ao longe, devagar eu chego lá".

O governo deveria se esmerar em seguir o que diz Jorge Ben na canção Bicho do Mato. Mas, ao contrário corre contra o tempo, como se os campos do pré-sal já estivessem produzindo a pleno vapor.

O que temos até agora é a comunicação da Petrobras propagandeando de forma enganosa que a empresa já está produzindo o óleo negro a partir dos campos do pré-sal.

Já a comunicação do governo sugere que o acesso ao petróleo no fundo do oceano será imediato, daí essa pressa em anunciar o marco regulatório do pré-sal.

A verdade é que, se tudo o que está projetado ter certo, o país irá ver o dinheiro do pré-sal jorrar de fato a partir de meados do governo do sucessor do sucessor do presidente Lula.

A projeção é que do campo de Tupi, onde se estimam 8 a12 bilhões de barris, praticamente o dobro das atuais reservas oficiais, aconteça entre 2015 e 2018 a produção prevista de dois milhões de barris/dia, também o dobro da atual.

Isso depende do ritmo dos investimentos e do sucesso das tecnologias no território desconhecido das águas ultraprofundas.

O que temos hoje são dados animadores. Mesmo que o pré-sal seja menor do que as ambições — as projeções especulativas falam num potencial de 50 bilhões de barris, e há quem projete mais que o triplo.

O mais certo, a exploração comercial em Tupi prevista para 2011 de maneira escalonada à base de 100 mil barris/dia em fase das sondagens avançadas cesse os devaneios políticos de hoje com o pré-sal.

Portanto, o que existe de concreto é uma pressa eleitoral.

Lula pensa em usar o pré-sal como bandeira da campanha de Dilma em 2010. Aliás, especula-se em Brasília que elegendo Dilma, Lula se veria tentado a querer a direção da nova estatal que seria criada em seu governo para operar o pré-sal.

Nesse caso, Lula estaria fazendo jus à admiração que tem pelo general Ernesto Geisel, que depois de fazer o general João Figueiredo seu sucessor, aboletou-se na presidência da Norquisa, empresa tripartite criada para acomodá-lo, com apoio da Petrobras, no Pólo Petroquímico de Camaçari.

Com isso, a pressa do pré-sal uniria o útil (campanha de Dilma) ao agradável (Lula dirigindo a empresa do pré-sal em um provável governo Dilma).

Isso explica tudo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário