domingo, 26 de abril de 2009

Rota de colisão...





Do Estadão

- O bombardeio começou no castelinho de R$ 25 milhões do deputado Edmar Moreira. Logo, atingiu a mansão de R$ 5 milhões do diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. Mirou, então, na filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que trabalhava em casa para o gabinete de um senador. Gerson Camata chorou quando a casa caiu, por ele ter acumulado imóvel próprio e auxílio moradia. E o petista Tião Viana ouviu estrondos por emprestar o celular pago pelo Senado para a filha usar no México. Então os aviões tomaram os céus, na farra das passagens aéreas bancadas pelo erário público para amigos, familiares, agregados e namoradas de parlamentares. Sobrou até para fiéis combatentes na trincheira da ética na casa, como o deputado Fernando Gabeira e o falecido senador Jefferson Peres - este, sem culpa nenhuma.

As afirmações abaixo são do cientista político José Alvares Moises, Professor titular e coordenador do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo e um dos fundadores do PT, em entrevista no Estadão.com no artigo: “O voo cego do Senado”.

José Alvares: O tamanho do que está ocorrendo mostra quanto à instituição está perdida.

Do Blog: Tanto o Senado como a Câmara nos ultimos dias tem realmente mostrado estar perdidos em suas funções, mergulhados num mar de corrupção, falta de ética e mau uso do dinheiro público, num clima em que a idéia geral dos parlamentares é de que “como deuses eles podem tudo”. Senadores e deputados acham absurdo que alguém queira “regular” as ações deles. Um chegou a dizer que: “qualquer hora vão querer nos dar vales transporte”. Absurda é uma declaração dessas. Existem milhões de brasileiros que nem um vale transporte recebe. Acho que Lula tinha razão. Diz um deputado que isso tudo “veio à tona” por causa de dois parlamentares. Se veio à tona é porque bóia e o que bóia é o que? Merda! Imaginem o que não vem à tona...

José Alvares: “os parlamentares não tenham muita perspectiva da própria missão”

Do Blog: Isso é público e notório. A maioria dos parlamentares de qualquer casa legislativa seja Federal, Estadual ou Municipal, não tem noção da missão que lhes cabe executar. A maioria pensa que está de férias do mundo por quatro ou oito anos e que o seu único objetivo é “gastar dinheiro público a rodo”, amealhar o máximo que puder e fazer negociatas pra garantir o seu futuro social e político, o trabalho parlamentar vem depois disso tudo.

José Alvares: “os índices de desconfiança no Congresso e nos partidos políticos crescem de forma alarmante”.

Do Blog: A desconfiança do povo cresce na mesma proporção que os parlamentares se metem em trapalhadas e que esses fatos são noticiados pela mídia. Mas, ainda é muito pouco o que acaba saindo para fora das paredes das casas legislativas. Se realmente tudo fosse revelado, o povo pediria o fechando desses locais.

José Alvares: Minha preocupação é a existência de um contingente grande de pessoas que, numa situação de crise, possa servir de base social para uma alternativa autoritária.

Do Blog: Este não é o medo “só” do cientista político José Alvares, é o medo de todos que se preocupam com a democracia. Há um, porém, nos “já” vivemos num regime autoritário. No Brasil, só se faz o que o governante mor, no caso o Presidente da República quer. Ele tem a maioria nas casas legislativas, quando não a tem, faz acordos espúrios com parlamentares inescrupulosos e consegue o que quer. Portanto, vivemos num regime que poderíamos denominar de “Democracia Autoritária”. O povo participa das eleições, elege o que deveriam ser “seus representantes”, esses representantes vão para as casas legislativas e muitos nem sabem o que fazer lá. As Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas, Câmara dos Deputados e o Senado Federal são um “balcão de negócios”, onde cada um negocia o que é melhor para si, esquecendo-se dos interesses do povo. Exemplo disso é o PMDB que para não ficar fora do poder, aceita ser “parceiro” e “cumpanheiro” de Lula. É a concretização do ditado popular que diz “antes mal acompanhado do que só”.

José Alvares: O Congresso Nacional está correndo um enorme risco de perder legitimidade naquilo que é a essência da sua função: produzir leis, normatizar a vida política e fazer o controle e a fiscalização do Executivo.

Do Blog: O Congresso não “está correndo o risco” ele já “perdeu o rumo completamente”. Não se faz outra coisa no Congresso a não ser tentar explicar os graves problemas em que envolvem senadores e deputados.

José Alvares: O tamanho do que está ocorrendo mostra quanto à instituição está desgovernada...

Do Blog: E em rota de colisão. A população está vendo que esta instituição não é aquilo que “aparenta” ser, muito menos o que ela própria “diz” ser. O próximo passo para as instituições políticas no Brasil será entrar em conflito com o povo, que, pode sim, pedir sua extinção. Acho quase impossível uma moralização, pelo menos enquanto não houver uma renovação completa. O problema são os vícios criados pelas instituições.

José Alvares: Os parlamentares acham que estão servindo ao mandato participando de um seminário em outro país... A essência da função legislativa não é essa.

Do Blog: Claro que a essência do exercício parlamentar não é essa. É aí que começam as corrupções. Imaginemos um “seminário”, por exemplo, na França. A maioria dos nossos parlamentares não tem condições sequer de poder entender a mentalidade política de um país como a França, a Alemanha, a Itália, a Inglaterra. Lá a cultura é outra, o pensamento é outro e a atitude parlamentar também é outra. Vão somente pra passear. Sem contar o obstáculo da língua.

José Alvares: Os parlamentares deveriam se dar conta de que o eleitor passar a ter a ideia de que todos estão envolvidos com corrupção.

Do Blog: Na realidade o que se houve pelas ruas é: “é tudo farinha do mesmo saco”. O parlamentar que não quer se envolver em corrupção, mas, sabe dela, omitindo-se de denunciar a corrupção, passa a ser conivente e cúmplice da mesma.

José Alvares: Eu escolho e todos se comportam da mesma maneira.

Do Blog: É este o pensamento do povão. Ele nomeia um parlamentar para representá-lo e esse parlamentar se desvia do objetivo do seu mandato, isso sem exceções.

José Alvares: A manifestação do senador Cristóvão Buarque expressa um sentimento que está presente na sociedade

Do Blog: O Senador Cristovam Buarque outro dia fez uma ironia sugerindo um plebiscito para que o povo decidisse pelo fechamento do Congresso. Com toda certeza se esse plebiscito acontecesse, teríamos um forte aumento no desemprego, pois, senadores, deputados, puxa sacos destes, agregados e afins estariam no outro dia “no olho da rua”.

Conclusão: Embora nosso povo seja “pouco culto” ele não é o que popularmente chamamos de “tapado”. Tem noção do que seja a política e aos poucos as reações vão aparecendo.

Aqui no Acre, por exemplo, as vitórias do “reacionário e populista” PT eram estrondosas. Nos últimos anos, pelos desmandos dos governos, o descontentamento do povo tem crescido, suas desconfianças nas instituições políticas no poder estão aumentando dia a dia, prova disso são as últimas eleições para a prefeitura da capital.

Só não houve segundo turno das eleições por míseros 800 votos. Quem quiser que acredite em outra coisa, mas, o único motivo dessa pequena diferença foi um aguaceiro de mais de quatro horas que desabou sobre a cidade, para sorte do PT e seus aliados.

A oposição não tinha condições de colocar “carros traçados” pra buscar eleitores em lugares de difícil acesso, o PT , ao contrário, tinha a máquina do governo e da prefeitura nas mãos, buscou dessa maneira esses 800 votos que lhes deram a vitória.

Se as eleições tivessem ido para o segundo turno, o PT estaria fora da Prefeitura.

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