segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma criança inocente III...

Quando duas pessoas adultas se desentendem e chegam às vias de fato, uma poderá ocasionalmente ferir de morte a outra, em muitos casos, em defesa de sua própria vida.

O que não conseguimos entender é como um adulto pode agredir uma criança, com tanta violência que a leve à morte. É ainda mais incompreensível quando a criança é de seu próprio sangue.

Que motivos teria Alexandre Nardoni, para permitir a agressão a Isabela Nardoni, sua filha, de maneira brutal, segundo a polícia, pela própria madrasta, e depois, ele mesmo, tê-la jogado, ainda viva pela janela do sexto andar do prédio onde ele morava?

Seria a menina muito peralta, respondona, daquelas crianças que estão sempre aprontando e fazendo coisas que desagradam aos adultos?

Esta pergunta foi respondida pelo próprio pai e pela madrasta, nas famosas cartas que eles enviaram, dizendo que a menina era boazinha, comportada, educada, um amor.

Na realidade, não há motivos para se agredir uma criança. A Lei não faculta aos pais ou a quem quer que seja, o direito de agredir uma criança, o que é considerado crime, punível dentro dos “rigores da Lei”. O máximo que um pai ou mãe deve fazer é orientar uma criança, crianças bem orientadas, como ficou explicitado que era Isabela Nardoni, nas palavras de seus próprios algozes, costumam ser disciplinadas e os pais ou responsáveis, dificilmente precisam repreender ou quiçá dar algum puxão de orelhas de vez em quando.

Pelo que ficou público, nas investigações policiais, o único problema que havia entre Isabela Nardoni e Ana Carolina Jatobá, era o fato de Isabela ser filha de outro relacionamento de Alexandre. Pelo que ficou apurado, ela, Ana Carolina Jatobá, tinha ciúmes da menina, pois, certamente não gostava da mãe biológica de Isabela.

Não existe motivo mais torpe para um crime do que o ciúme.

Quem achar que ciúme é significado de amar está redondamente enganado. Quem tem ciúme, simplesmente não ama, possui. Acha-se dono da outra pessoa, considera que o outro é propriedade sua e que conseqüentemente, ele, o ciumento, deve ser o centro da atenção do seu par, que as outras pessoas não existem ou não deveriam existir, é isso que leva pessoas a cometerem crimes embasados no ciúme.

Milhares de homens e mulheres são mortos no mundo inteiro por ciúme. O ciúme nada mais é do que um descontrole emocional de pessoas desequilibradas emocionalmente, inseguras, imaturas e em geral desprovidas de sentimentos.

Não acredito que Isabela Nardoni, uma criança de 5 anos de idade, inocente, cheia de vida, alegre, possa ter feito algo que fizesse com eles, seu pai e sua madrasta ficassem com tanto ódio dela a ponto de a espancarem até extinguir sua vida.

A menina foi morta, não por desentendimento entre ela, o pai e a madrasta, mas pelos problemas conjugais entre o casal. Certamente, era insuportável para Ana Carolina Jatobá, ter que aturar a presença da filha de Alexandre, com todas as regalias dentro de sua própria casa, o que na sua mentalidade, entorpecida pelo ciúme e pelo ódio, dizia-lhe que Alexandre a desprezava em favor da filha. Isso causava, com toda certeza, desavenças entre o casal, ocasionando brigas e discussões, como foi relatado por testemunhas.

Alexandre ficava imprensado entre o amor da filha e da mulher, ao mesmo tempo tinha que fazer a vontade da filha e evitar desagradar à esposa, era um conflito constante.

Quando isso acontece em um relacionamento equilibrado, não é alvo de problemas, mas segundo apurado, esse casal não era equilibrado, vizinhos relataram que já haviam ouvido diversas discussões entre o casal.

Em resumo, Isabela Nardoni, cinco anos de idade, era um problema para um casal desequilibrado conjugal e emocionalmente. Embora o casal negue isso, se tem a desconfiança de que aí está a raiz de quase todo o problema.

No dia da morte de Isabela, eles foram a uma festa na casa dos pais de Ana Carolina Jatobá, onde certamente, Isabela comportou-se com normalidade de uma criança de 5 anos, deve ter, por sua beleza, graça e simpatia, despertado o interesse das pessoas na festa, isso deve ter despertado em Ana Carolina, um ciúme incontrolável da menina, pois, não eram ela ou um de seus filhos que estavam sendo adulados, mas a “gata borralheira da Isabela”.

Muitas vezes, ao contrário do que as pessoas demonstram, principalmente em relacionamentos entre pessoas que já tiveram outros relacionamentos, há conflitos interiores, que conseguimos manter sufocados, para manter a aparência do relacionamento. Filhos que odeiam suas madrastas e padrastos e vice-versa, porém, mantém um relacionamento amigável, para manter a convivência familiar.

Claro que numa festa, as crianças costumam exceder-se um pouco, certamente Isabela deixou extravasar sua alegria, pode até ter-se excedido um pouco, pode até ter merecido alguma reprimenda por parte do pai, reprimenda que não aconteceu e que certamente gerou a discussão entre Alexandre e Ana Carolina Jatobá.

Segundo uma testemunha, Alexandre teria dito a Isabela, “você vai ver quando a gente chegar em casa”.

Ele deve ter dito isso, certamente antevendo já a balbúrdia que sua mulher faria, por causa dos “excessos” de Isabela.

Quando entraram no carro para voltar para casa, começaram as discussões entre o casal, deve ter sido uma discussão violenta e Isabela, temendo alguma coisa, deve ter pedido ao pai que a levasse direto para casa de sua mãe. Isso deixou irada a madrasta, que com certeza, irritada com tudo aquilo, querendo atingir Alexandre, deve ter-se virado para trás e dado um safanão na menina, ocasionando o corte na testa de Isabela, ela pode ter batido em alguma parte metálica da cadeirinha de bebê. Como a menina chorava e continuava a pedir pra ir para a casa da mãe, Ana Jatobá deve ter tapado a boca da menina, o que ocasionou as lesões pelo lado de dentro da boca de Isabela, constatadas pela perícia.

Tudo isso são conjeturas, mas que se encaixam perfeitamente no que a perícia apurou.
Alexandre, certamente não gostou nada daquilo, saindo em defesa da menina, o que instigou ainda mais os ânimos entre o casal.

Acredito que Isabela tenha-se calado, com medo, e estivesse sangrando pelo corte na testa, o pai ou a madrasta então usaram uma fralda, para estancar o sangue, fralda esta, encontrada depois, no apartamento, imersa em água. Possivelmente, ao entrarem na garagem do prédio, a menina tenha pedido novamente ao pai que a levasse para a casa da mãe, o que foi a gota dágua para Ana Jatobá, levando-a ao desespero, ocasião em que brutalmente, agarrou a menina pelo pescoço e a asfixiou, até que ela desmaiasse.

Isabela sentindo o ar faltar-lhe nos pulmões desmaiou, o pai, amedrontado, pensando que a menina havia morrido, entrou em pânico, pegou a menina no colo e subiram rapidamente para o apartamento, planejando já o que fariam.

Segundo a perícia, Isabela foi colocada no chão, desfalecida, junto ao sofá, certamente enquanto o casal discutia e resolvia o que fazer.

As coisas tinham chegado a um ponto onde, para Alexandre e sua mulher, que imaginavam que Isabela estivesse morta, urgia achar alguma solução para o problema em que se tinham metido.
Já que a menina estava, segundo a crença deles, morta, nada mais importava nada mais poderia ser feito, o que estava feito, estava feito, nada mudaria isso, o que importava agora era achar um jeito de “livrar a cara”, eles estavam vivos e ela morta, não queriam matar a menina, mas acontecera, era preciso fazer algo para que não recaíssem sobre eles as suspeitas.

Rapidamente, bolaram um plano: jogar a menina pela janela, depois, fazer um grande alarde, chamar a atenção de todo mundo, alegando que o apartamento teria sido invadido por um estranho, com a falta de segurança que existe em nosso país, esta seria uma história na qual as pessoas deveriam acreditar, pensaram eles.

O resto todo mundo já sabe.

As coisas colocadas aqui podem ou não, ter acontecido, pode também ter acontecido de outra maneira, mas tenho quase certeza de estar bem perto da verdade, faltando apenas detalhes que só os assassinos poderão revelar.

Não havia terceira pessoa na cena do crime, conforme alegado, se tivesse havido, o pai teria entrado em luta corporal com ela e o desfecho seria outro.

Ana Carolina, não perdeu chave alguma do apartamento, conforme alegou. Suponhamos que tenha perdido mesmo a chave, como alguém poderia imaginar, numa cidade do tamanho de São Paulo, o endereço da chave encontrada na rua? Mais absurdo ainda, seria a chave ter sido encontrada exatamente por um malfeitor ao invés de por uma pessoa de bem.

Se não foi Alexandre quem jogou Isabela pela janela, como ele alega, se foi outra pessoa, porque ao invés de chamar primeiro a polícia e o resgate, eles ligaram para os pais dele? As chamadas telefônicas teriam que ser nesta ordem: resgate, pois, a filha estava ferida; polícia, porque havia um ladrão no prédio; parentes, para avisar do fato e transmitir informações, essa seria a lógica.

Porém, a lógica de Alexandre Nardoni era outra, ele havia entrado numa enrascada e como no restante de sua vida, quem poderia tirá-lo dessa situação era o pai, Antonio Nardoni e foi justamente para ele que ligaram em primeiro lugar, possivelmente, relatando o que havia acontecido, a verdade.

Agora, o que Alexandre não sabia era que Isabela, ao ser arremessada pela janela não estava morta, ela tinha apenas desmaiado e respirava fracamente por causa do sufocamento.

Certamente, se ele tivesse visto que a menina estava viva, não a tivesse jogado pela janela. Se não a tivesse jogado, se tivesse procurado recurso, ligado para o resgate, a menina teria sido salva e seus problemas seriam muito menores, poderia até ser processado, ele e sua mulher, por maus tratos a menor, poderia perder o direito de ver a filha e outras sansões, mas não estaria agora sendo acusado de assassinato, a precipitação o levou a matar Isabela, que não morreu pelo sufocamento, mas pela queda.

Em entrevista à Rede Globo, o casal tentou de todas as maneiras, justificar-se, diante da opinião pública, dizendo repetitivamente, como seria seu relacionamento com a menina Isabela, repetiam constantemente, que se davam bem, como uma verdadeira família, que ela queria morar com eles, que chamava às vezes, Ana Jatobá de “mãe” e seus pais de “avós”, etc.

Uma verdadeira ladainha, na tentativa de tentar mudar a opinião pública, muito bem orientada, certamente por seus advogados de defesa.

O que na realidade, está acontecendo com o casal Nardoni, é uma dissociação psíquica, uma distorção da realidade.

Eles criaram uma versão dos fatos para eles mesmos e acreditam nela, piamente, na mente deles, eles não fizeram aquilo, não surraram a menina, nem a jogaram pela janela do prédio ainda viva. Na mente deles, isso não aconteceu, o que aconteceu foi o que eles inventaram e contam pra todo mundo, a despeito de mais de seiscentas páginas de inquérito e perícia policial, provando o contrário, a polícia está errada, os peritos estão errados, as provas periciais são inexatas. Certamente, eles jamais confessarão o crime, é um comportamento psicótico, têm a idéia fixa que são inocentes, que não fizeram nada daquilo e são até capazes de apontar culpados, foi alguém, menos eles.

O pai de Alexandre Nardoni, em entrevista aos repórteres de TV, disse que confiava plenamente no filho, que se tivesse certeza de sua culpa, ele mesmo o levaria a Delegacia e o entregaria.

Estamos cobrando, essa declaração, pois, segundo a polícia, não há mais dúvidas quanto aos autores deste lamentável caso.

Os advogados de defesa continuam orientando seus clientes a negarem, dizendo que tudo não passa de equívoco e que a “verdade” aparecerá e que conseguirão provar que seus clientes são inocentes, poderão até tentar, poderão até enrolar, mas não poderão provar, num julgamento, se pode até contestar ou desqualificar uma prova testemunhal, mas provas periciais são muito difíceis de serem derrubadas.

Na realidade, nem os advogados de defesa, acreditam mais na inocência dos indiciados, porém é obrigação deles ficarem ao lado de seus clientes, mesmo que sejam culpados.

O mundo está cheio de bandidos de toda espécie, colocados fora das cadeias por advogados competentes e inescrupulosos. Veja “Advogados do diabo

Em vista da negativa do casal de admitir o crime, em vista de um enorme rol de provas, dizendo serem eles os responsáveis por este crime bárbaro, em vista de ter sido um crime hediondo, onde os executores, mostraram crueldade e frieza, a torpeza de motivos para o crime, este caso certamente irá às barras dos tribunais, onde tudo pode acontecer.

Se os acusados, ficarem firmes, continuarem negando o crime, isso facilitará o trabalho da defesa. Os advogados vão alegar um monte de coisas, insanidade temporária, depressão pós-parto, desequilíbrio emocional, inexatidão pericial, serão alegadas coisas que nós certamente nem imaginamos, pra tentar de toda maneira, livrar a cara dos dois acusados.

Esperamos agora, nós o povo, que a Justiça dê uma resposta à sociedade, punindo severamente os culpados por este crime, cercado de mistério. É preciso uma resposta séria, nada de “crime insolúvel”, “falta de provas”, “insuficiência disso ou daquilo”. Este foi um crime que abalou a opinião pública nacional, fala-se nele do Oiapoque ao Chuí e se ficar sem solução, sem punição, a Justiça será colocada sob suspeição, gerando um clima de maior insegurança do que o já instaurado no país.

O povo espera que pelo menos, um sentimento Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá tenham: arrependimento.

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